terça-feira, 9 de junho de 2009

Camac quer perdão de parte das dívidas

Uma moratória de meio ano para liquidar as dívidas aos trabalhadores - que serão pagas em prestações - acrescida do perdão de 15% dos créditos poderão complicar a viabilização da Camac, em Santo Tirso.

Garantido o apoio de quatro milhões de euros do Governo para evitar a falência da única fabricante de pneus de capitais portugueses, esta vê-se, agora, a braços com um programa de recuperação "bastante delicado", afirmouao JN fonte próxima do processo.

De acordo com o plano de insolvência da CNB/Camac, a que o JN teve acesso, propõe-se que a fábrica reinicie a produção no prazo de três meses após a sentença judicial que dite a aprovação daquele documento e somente com um turno composto por cerca de 110 trabalhadores.

As reservas surgem quando se determina o perdão de 15% das dívidas aos 300 operários bem como dos juros de mora, além de uma moratória de seis meses que, no caso dos funcionários que rescindiram os contratos, se alonga até um ano, sendo ambos os períodos de carência contados a partir da retoma de laboração da fábrica. Ou seja, os trabalhadores terão de aguardar entre nove a 15 meses pelo dinheiro.

A administradora judicial da Camac justifica que este hiato temporal "permitirá a consolidação dos meios libertos disponíveis para o cumprimento do plano de insolvência por parte da insolvente".Acresce que o pagamento dos ordenados em atraso - três meses de salário, subsídios de férias de 2008 e retroactivos - será feito em prestações semestrais ao longo de 18 meses e a partir do fim da referida moratória de meio ano para os trabalhadores vinculados à empresa, sendo que esse período se estende a quatro anos contados do final da carência de um ano para ex-colaboradores.

O plano prevê ainda o perdão de 70% das dívidas aos restantes credores, entre os quais alguns fornecedores, mas fonte próxima da firma refere que haverá acordo prévio entre as partes, arredando a hipótese de aquelas entidades chumbarem a viabilização da Camac.

Se o facto de o Ministério da Economia ter dobrado o montante inicialmente previsto - dois milhões de euros - para injectar na empresa "a título de reforço de tesouraria" gerou alívio, colocam-se, agora, reticências quanto à disponibilidade dos credores para aprovar o plano de recuperação. É que, face às condições avançadas, crê-se que alguns operários possam chumbar o documento que será votado no próximo dia 1 de Julho.

O dirigente sindical que acompanha a Camac, Ribeiro dos Santos remeteu comentários para o próximo dia 17, após o plenário de trabalhadores convocado para analisar as propostas e "deliberar o posicionamento na Assembleia de credores".

Jornal de Notícias